Pode me crucificar mas eu não acho justo Um faminto e o outro com trinta carros de luxo Pra uma classe salpicar ouro em pó no croissant A outra tem que ser privada do café da manhã O industrial só tem sua área vip na balada Porque o mapa da fome é habitado por fantasmas Porque no Poltergeist local andamos no talco Que nos reduz a ficha criminais, atestados, corpos Nervo óptico atrás da manta de aramida Não vê Quixotes Christiane F. prostituída Não vê os vultos com inclinações vocacionais Violentados por merenda com coliformes fecais Preocupados em pôr botões do pânico no pingente No vibrador, na obturação do dente Se quer se erguer a obra-prima da ignorância Com vigilância contrata 70 mil mão brancas Onde promotor não vai no banheiro sem guarda-costas Pra não acabar afogado na própria bosta Somos espectros que falam em código no Motorola Que inventam álibis destroem testemunhas e provas Que são taxados pela tabela de preço do inferno 200 Mil pro delegado rasgar o inquérito As estatísticas dos corpos irreconhecíveis São as coordenadas pra sociedade dos homens invisíveis 50 Mil mortes, 15 milhões de armas É a latitude e longitude da sociedade fantasma Dos homens invisíveis só são enxergados gritando Deita filho da puta, não reage que é assalto 50 Mil mortes, 15 milhões de armas É a latitude e longitude da sociedade fantasma Dos homens invisíveis só são enxergados gritando Deita filho da puta, não reage que é assalto Sem poder medíunico apresento os fantasmas Que sobrevivem com 70 reais per capitas São forçados a se vestir de palhaço Segurando seta de novo empreendimento imobiliário Que deveriam estar na busca do google no vale do silício Não pedalando pra entregar contigo Quem disse que burguês não faz festa regada a cerveja Com inscrições e farinha na bandeja Tem uma rede comemorativa por cada Nissan Vendido por nossas bandeiras tremuladas do amanhã No forno crematório invisível só ganha vida Assinando por extenso em ficha como latrocida Bum, playboy, tomou no cu Fantasma nada camarada se materializa de uru É só a empregada lavar a calçada que o terror em Amityville Entra em cartaz por uma hora em Alphaville Repórter sequestrado em troca mensagem televisiva É o recado de que pobre não é robô que respira Dei inspiração de cenário cinematográfico Usado pra lei Rouanet em prêmio em gramado Personagem que o cuzão deprecia no stand-up Fez a cidade de onde ele roda de McLaren 357 é o CEP dado por antropófagos insensíveis Pra sociedade dos homens invisíveis 50 Mil mortes, 15 milhões de armas É a latitude e longitude da sociedade fantasma Dos homens invisíveis só são enxergados gritando Deita filho da puta, não reage que é assalto 50 Mil mortes, 15 milhões de armas É a latitude e longitude da sociedade fantasma Dos homens invisíveis só são enxergados gritando Deita filho da puta, não reage que é assalto As armas nunca vão ser abaixadas Num país que da bolo de fruta pra assassino de farda Metralham o carro do mano que não tinha passagem Aplausos do grã-fino, caixinha, homenagem Aqui nem verifica a pupila o pulso Deu entrada no PS já é defunto A ordem do ministério da saúde é clara Sem medicação pro invisível ferido a bala País negrofóbico, pobrefóbico Põe placas nas favelas como pra animais em zoológico Em vez de desfavelizar colocam aviso Área de risco pra proteger rico Pedir pra Deus os milhares de AVC pra foder Que assinam as vísceras expostas das classes D e E Muito boy faz jus a punição da Somália Ser enterrado até o pescoço e ter a cabeça apedrejada Quem oferece febre tifoide e hepatite Merece comer os próprios miolos misturados no Nesfit Prometa pra si, que pra porra de um celular Não vai deixar sua família de um médico escutar Tamo tentando refazer o nariz, o céu da boca Reza mãe, quando é fuzil a chance é pouca Nossas fotos tem que estampar empresas e ministérios Não grafites póstumos em muros de cemitérios Chega de só através de nome em processo Quem não recebe bom dia deixa a condição de espectro 50 Mil mortes, 15 milhões de armas É a latitude e longitude da sociedade fantasma Dos homens invisíveis só são enxergados gritando Deita filho da puta, não reage que é assalto 50 Mil mortes, 15 milhões de armas É a latitude e longitude da sociedade fantasma Dos homens invisíveis só são enxergados gritando Deita filho da puta, não reage que é assalto