Sempre odiei meus pais quando criança Eram dois drogados dando multa na vizinhança Não me levavam pra escola infantil com arte visual Ensinavam à soco alfabeto do malabar no sinal Me torturam mentalmente em período integral Vai pro conselho tutelar se chegar sem 1 real! O Mickey na Disney Channel da minha infância Foi uma mãe em troca de pedras fazendo programa Foi um pai com gaiola fixando ossos quebrados Por tentar passar nota falsa no tráfico Tinha nojo das suas mãos queimadas pelo isqueiro Das bolhas na suas boca da perda de peso Olhava as roupas doadas, falta de higiene pessoal Pensava: Quando crescer, mando os dois pro funeral Ingênuos não os via como pessoas adoecidas Viciadas estrategicamente pra se afastarem da política Não precisavam de GCM expulsando do centro Mas de cuidados psicológicos, medicamentos Hoje perdoo cada surto psicótico, agressão Por me apontarem facas pela mania de perseguição Hoje perdoo quando saíam pra fumar e me deixavam sozinho Faminto por dias, pedindo comida pra vizinhos Me envergonho por toda vez que eu respondi Cadê seus pais? Sou órfão, morreram quando eu nasci! Perdoa Pai, pelo meu olhar de ódio quando se drogava Por te pedir num caixão, quando eu orava Se soubesse que injetam crack pra politizar e destruir Jamais teria dito: Sou órfão, meus pais morreram quando eu nasci Perdoa Mãe, pelo meu olhar de ódio quando se drogava Por te pedir num caixão, quando eu orava Se soubesse que injetam crack pra politizar e destruir Jamais teria dito: Sou órfão, meus pais morreram quando eu nasci Fui outro bebê que o boy deu sífilis na UTI neonatal Que sobreviveu a incubadora, abstinência fetal Que nasceu prematuro, que foi pro CAPS infantil Que teve déficit intelectual no período estudantil Com sete fugi de casa, aliás da barraca E fui morar com minha vó que conseguiu a guarda Detestava quando apareciam pra me visitar Se vacilava roubavam videogame, roupa, celular Quem anuncia o fim da cracolândia a mando do comércio É o que gera enfisema pulmonar, compromete cérebro Não é dado da Fiocruz, dizimam via cachimbo Afetam os sentidos pra dependente não ver a sopa com vidro moído Acordei pro mundo onde 1 a cada 2 usuários Será barbaramente assassinado e não reclamado O Brasil não é só o líder mundial em consumo É o que mais mata dependentes químicos no mundo Se vicie e não veja que os 5 mais ricos brasileiros Tem juntos o que 100 milhões de nós tem em dinheiro Não veja que a elite gera disputa por presídio, batismo Escudo humano em assalto à banco coletivo Agora sei que fumavam a droga que não foi incinerada Porque a PF pôs no lugar, no forno, farinha láctea Agora sei que não eram nóias, cracudos, craqueiros Meus pais eram vítimas dos ricos genocidas brasileiros Perdoa Pai, pelo meu olhar de ódio quando se drogava Por te pedir num caixão, quando eu orava Se soubesse que injetam crack pra politizar e destruir Jamais teria dito: Sou órfão, meus pais morreram quando eu nasci Perdoa Mãe, pelo meu olhar de ódio quando se drogava Por te pedir num caixão, quando eu orava Se soubesse que injetam crack pra politizar e destruir Jamais teria dito: Sou órfão, meus pais morreram quando eu nasci Nem lembro quantas vezes minha mãe ficou grávida Quantos filhos ela deixou na maternidade, na alta Quantos foram adotados, ficaram em abrigos Quantos morreram em rituais, quantos ainda tão vivos A última vez que vi meus pais, me pediram dinheiro Otário, falei: Não chega perto de mim com esse cheiro Dei lição de moral como endinheirado podre Que faz missão na África porque gera lucro com Posts Mentira, não jogam tijolo em polícia a mando do tráfico Não querem sair do porto-seguro, serem internados Pra muitos o cachimbo é anestésico, válvula de escape Pras derrotas cotidianas na luta de classes Se a droga devastasse da mesma forma a escória rica O vicio seria caso de clínica, não de polícia Mudaria com eles com os dentes estragados Pegando água da via pra lavar vidro de carro Deviam morrer pelas vidas vividas em função do Crack Que tem uma década apenas de longevidade Pelos que tem que apelar pro estelionato da fissura Inventando mentiras pra receber donativo na rua Aí você que tem parente vítima do vício Pega a visão: Não desista dele, não jogue no lixo Infelizmente só compreendi a temática Depois que as larvas devoraram meus pais numa cova rasa Perdoa Pai, pelo meu olhar de ódio quando se drogava Por te pedir num caixão, quando eu orava Se soubesse que injetam crack pra politizar e destruir Jamais teria dito: Sou órfão, meus pais morreram quando eu nasci Perdoa Mãe, pelo meu olhar de ódio quando se drogava Por te pedir num caixão, quando eu orava Se soubesse que injetam crack pra politizar e destruir Jamais teria dito: Sou órfão, meus pais morreram quando eu nasci