Namorados de Lisboa, à beira Tejo assentados, a dormir na Madragoa. Namorados de Lisboa, num mirante deslumbrados, à beira verde acordados. Namorados de Lisboa, ao Domingo uma cerveja, uma pevide salgada, uma boca que se beija e que nos sabe a cereja, a miséria adocicada, à beira parque plantada. Namorados de Lisboa, sempre, sempre apaixonados, mesmo que a tristeza doa, namorados de Lisboa. Namorados de Lisboa, na cadeira dum cinema, onde as mãos andam à toa, à procura de um poema, namorados de Lisboa, que o mistério não desvenda até que o escuro se acenda. Namorados de Lisboa, a apretar num vão de escada o prazer que nos magoa e depois não sabe a nada. Namorados de Lisboa, a morar num vão de escada. Namorados de Lisboa, sempre, sempre apaixonados, mesmo que a tristeza doa, namorados de Lisboa.