Carlos Alberto

Chão de Estrelas

Carlos Alberto


Chão de Estrelas

Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos risos falsos, da alegria

Eu andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris, e os corações
Meu barracão, lá no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro

Foste a sonoridade que acabou
E hoje quando do sol, a claridade
Forra meu barracão, sinto saudades
Da mulher, pomba rola que voou

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda,qual bandeiras agitadas
Parecia um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos

A mostrar que nos morros, mal vestidos
É sempre feriado nacional
A porta do meu barraco era sem trinco
E a lua furando nosso zinco

Salpicava de estrelas, o nosso chão
E tu pisava nos astros, distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão