Um dia o Cristo Redentor cansado De tanto ver lá embaixo aquele horror Explodiu seu pedestal no Corcovado E foi interrogar o bando armado Quem atirou nas crianças, quem mandou? Todos os pobres do Rio de Janeiro Cortiço, beco, favela, pardieiro Saíram para ver o seu guerreiro Com o porte de mais de 30 metros As duas mãos enormes de concreto... E voz mais forte do que mil trovões: “Eu vim aqui trazer paz aos seres bons E aos que têm fome de justiça e pão Aos assassinos, trago a punição!” O leve sopro da estátua gigante Provocou um ciclone fulminante Jogando os mandados e mandantes Nas cadeias perpétuas do inferno Condenados ao justo fogo eterno. Cristo vendo as mães desesperadas Ressuscitou as crianças baleadas Andersons, Marielles, Amarildos João Pedro e seus irmãos perdidos Na lista sem fim dos desaparecidos... Com esta fábula de paixão e fé Para quem só restou a lei divina A mãe acalentou sua menina Que adormeceu na favela da Maré.