Tião boiadeiro Um caboclo afamado Destemido, idolatrado Lenda viva do arraiá Sempre atento Ao perigo que espreita Volta e meia, ele suspeita Dos viventes do lugar Sempre calado Pouca prosa e muito astuto Verdadeiro, absoluto No seu modo de pensar Coração puro Pede a Deus em suas preces Proteção no dia-a-dia Quando sai para aboiar Coração puro Pede a Deus em suas preces Proteção no dia-a-dia Quando sai para aboiar Tião boiadeiro Vida simples de matuto Calejado por inteiro Uma pedra a lapidar A delicada Alma pura inocente Tão singela e transparente Fruto doce no pomar Foi um deslize Num momento a fraquejar Viu ruir sua nobreza Pagou caro por amar Num certo dia Noite clara, Lua Cheia Tião sentiu em suas veias O seu sangue fervilhar Junto à porteira Uma cena de amor Tião sentiu imensa dor Não queria acreditar Sua Maria Sua amada prometida Sob a lua ele via Para outro se entregar Mas, num repente Um clarão se fez presente Dois estalos reluzentes E dois corpos a tombar Tudo acabou E ali naquele chão O sangue da traição Não deixou nada brotar