Canto Cego

Grão

Canto Cego


Somos o que somos
Amontoado de detrito interestelar
Somos o farelo do pão
O cheiro das flores

Em cada partícula habitamos
Em cada centímetro de pele
Os tecidos encharcados de sangue
Somos o que somamos

Restos de meteoro, calda de cometa
O ir e o vir dos planetas
O circular da Lua
Cada gota de oceano
Acendemos e transmutamos

Em cada pensamento doce
Em todo sentimento amargo
Morremos e nascemos a cada fim
Dentro de um estrelado sonho real
A vida está aqui e é

Sem tamanho em cada átomo invisível
A vida é o universo infinito se expandindo
Com todos nós pequenos grãos
À deriva no mar do nada
Somos o que somos
Flutuações do pó