Canto Cego

Corre Louco

Canto Cego


Corre, louco!
As tuas palavras serão meus novos versos.
Corre com as tuas pernas largas,
Esticando os músculos rígidos da velocidade.
Atiça as fibras da sua variedade,
E relampeja um novo alicerce para
Os nossos últimos afazeres do dia.

Corre!
Traga nas tuas notas a energia
Dos amores inacabados.
Entrega aqueles últimos toques
Aos distúrbios nucleares
Do sol que existe dentro do teu tórax destemido
Incendeia
Os últimos palitos de fósforo
Que sobraram da lareira de casa.
Divida-se com a tua mais amada companhia.

Alegria!
Acima do infinito inteiro,
Diante de todos os desaconchego
Retalhados da estrada,
Há uma anestesia nesses olhos
Que me fitam de longe.

Invade o comportamento sutil das
Palavras até que liberte,
Até que ao menos uma pura
Gota inerte saia de motivações sonoras.
Incentiva a derradeira onda de pensamentos
Que te envolvem agora.

Não demora!
Não tarde o último olhar,
Pois logo logo o presente
Se desmorona em passado
Até desintegrar.