Outro dia eu tive um sonho muito estranho Um pesadelo meio sobrenatural De repente eu me perdi em plena selva E dei de cara com o reino animal Eu estava bem no meio da floresta Admirando, curioso, a beleza do local O ambiente não era de muita festa A bicharada lamentava, tava tudo muito mal O elefante num rompante quis xingar Mas tremeu com muito medo do leão vir a saber Eu disse: Pode reclamar, seu elefante Com seu tamanho quem irá se atrever? A bicharada tristemente malnutrida Se sentia reprimida carente de educação E revoltada reclamava da injustiça e da má vida Resultantes do reinado do leão A tartaruga quis armar a passeata Mas ficou só na bravata, pois se achava devagar Eu disse: Dona tartaruga, não se avexe Seu casco é duro e ninguém vai lhe machucar, não E num instante foi juntando tanto bicho Peixe pulou fora d’água, gato se pôs a nadar Já não estava entendendo mais aquilo E então gritou o esquilo: E o leão, onde é que tá? Numa manobra a velha cobra revelou Que o malvado ditador não dava mole pra ninguém Então eu disse: Dona cobra, toma tento O seu veneno é uma arma que se tem Quando a conversa tava ficando animada De repente, na calada, o rei leão apareceu Com seu rugido fez calar a bicharada E veja só que enrascada, perguntou quem era eu Meu São Francisco, Deus do céu, valei-me agora Dedilhei minha viola e comecei a improvisar Fui derrotando o rei leão feito um valente Contra a força do repente o ditador não quis brigar Um alvoroço tomou conta da floresta A bicharada toda em festa, passarinhos a cantar E um novo dia foi rompendo a invernada Não vi chuva desabando, nem vi céu relampear O tal leão foi se mandando de mansinho Abandonando no caminho a coroa imperial Mas o macaco não é bobo, não senhor Fez-se o novo ditador de todo o reino animal