Mil novecentos e oitenta O ano não foi muito bom para mim Nunca pensei que eu fosse entrar Em oitenta e um sofrendo assim Todas as coisas pra mim deu errado Os meus negócios só deram pra trás Todo o dinheiro que eu empreguei Em vez de aumentar diminuíram mais A minha esposa que eu tanto adorava Me fez uma coisa que eu nem acredito Saiu numa noite com outras amigas Pra conhecer lugares malditos E só voltou oito dias depois Doente e faminta e arrependida Chorando pedindo que eu a perdoasse Deixei que entrasse e lhe dei guarida A coisa mais triste na vida de um homem É ter que calar, enfrentar a tormenta E quando a moral da gente se acaba Não tem coração de homem que aguenta Preciso fugir do lugar onde moro Pois tenho vergonha de ficar aqui Preciso ser forte até criar meus filhos Frutos do erro que eu cometi