Que falta que eu sinto da relva molhada Do pó da estrada do cheiro de chão Do vento arrastando o cisco poído No trilho batido que desce ao grotão Que falta que eu sinto de ouvir A rolinha cantando sozinha no capoierão De ver assustado o cavalo branco Saltando o barranco do velho estradão Que falta que eu sinto de um fim de queimada Fumaça parada na beira do rio De ouvir pelos campos a perdiz piando As pombas voltando do sertão bravio Que falta que eu sinto de ouvir A goteira batendo na beira de um balde vazio Da mamãe que vinha pisando mansinho Cobrir os filhinhos nas noites de frio Que falta que eu sinto de ver a lagoa Por entre as taboas nas tardes de Sol Do pé de limeira, do grande terreiro Do velho coqueiro beirando o paiol Que falta que eu sinto do choro Da abelha nas flores vermelhas pelos matagais Pequenos detalhes do início da vida Que a mente sofrida não esquece jamais