Eu vivo na dependência Dependo que o bandido tenha clemência Dependo ser vítima sem resistência E não ser condenado por minha inocência Dependo que tenha o paciente paciência Esperando na fila o remédio não vença Dependo que o câncer não canse Mesmo galopante ele aguarde trocando outro mês de carência Dependo dos acordos de leniência Dependo dos deuses de preto, supremos, eternos e suas jurisprudências Dependo que a mostra de arte mostre arte, não indecência E que o fio de cultura que resta não queime junto com o museu num estado fadado a falência Independência? Ahahah Independência? Ahahah Independência? Ahahah Independência? Dependo que esse candidato não roube merenda sem ter consequências Dependo que o povo não creia nas falsas promessas de fuga da inadimplência Dependo que aquele que chamo de irmão não lave suas mãos do sangue do pobre inocente No ventre vivente, pecando por omissão, por negligência Dependo do voto de Vossa Excelência Mantendo bem longe de nossa presidência Bandido julgado, culpado, já aprisionado, cumprindo sentença Que Incoerência! Independência? Ahahah não Independência? Aahha quem falou? Independência? Dependo que o pobre assassino coloque suas mãos na consciência Dependo que agora ele queira cumprir o estatuto da ineficiência Dependo que só armas matem, sem elas não haja mais a interferência De um louco portanto uma faca que ataca um candidato à presidência Esfaqueado diariamente por nossa imprensa Esfaqueado por um jornalismo em decadência Esfaqueado pela mesma emissora que damos licença Quando abrimos a porta de casa para darmos a nossa voluntária audiência