Tentei fugir da mancha mais escura Que existe no teu corpo, e desisti. Era pior que a morte o que antevi: Era a dor de ficar sem sepultura. Bebi entre os teus flancos a loucura De não poder viver longe de ti: és a sombra da casa onde nasci, és a noite que à noite me procura. Só por dentro de ti há corredores E em quartos interiores o cheiro a fruta Que veste de frescura a escuridão... Só por dentro de ti rebentam flores. Só por dentro de ti a noite escuta O que me sai, sem voz, do coração.