A Lucinda camareira Era a moça mais ladina Mais formosa, mais brejeira Do café da Marcelina De maneira graciosa Sobre um lindo penteado Trazia sempre uma rosa Cor de rosa avermelhado Eu vivi enfeitiçado Por aquela feiticeira Que airosamente ligeira Servia de mesa em mesa Tinha feições de princesa A Lucinda camareira Primando pela brancura O seu avental de folhos Realçava-lhe a negrura Encantadora dos olhos Nem desgostos nem abrolhos Sofrera desde menina Que apesar de libertina Orgulhosa e perturbante No velho café cantante Era a moça mais ladina Os marialvas em tipóias Iam da baixa num salto Ver a mais linda das joias Ao café do Bairro Alto A camareira que exalto De tão singular maneira Era amada pela cegueira Que a palavra amor requer Para mim era a mulher Mais formosa e mais brejeira Certa noite de fim d’ano Em que certo cantador Cantava ao som do piano Cantigas feitas de amor Um cigano alquilador De têz bronzeada e fina Por afortunada sina A Lucinda conquistou E para sempre a levou Do café da Marcelina