Camané

Não Sei

Camané


Não sei que rio é este em que me banho 
Que destrói todas as margens que escolhi 
Que leva para o mar tudo o que tenho 
E me traz da nascente o que perdi 

Não sei que vento é este de repente 
Que tudo o que eu desfiz ele refaz 
Que me empurra com força para a frente 
Quando caio desamparada para trás 

Não sei que tempo é este em que carrego 
Co´ a memória das coisas que não guardo 
Que me obriga a partir sempre que chego 
E a chegar cedo demais sempre que tardo 

Não sei que sol é este que me abrasa 
Quanto mais tapo os olhos e me abrigo 
Que abre a tudo o que é estranho a minha casa 
Quanto mais eu me fecho só comigo 

Que não-saber é este que não quer 
Saber do não-saber que lhe ensinei 
E que faz com que eu aprenda sem querer 
A saber cada vez mais o que não sei