Eu olho no espelho Mas não vejo meu reflexo Anexado em sua dimensão A sombra da maldade Encarnada sinuosamente Nessa imensidão A escuridão me tomou conta Eu já não vejo as cores A não não ser o preto e branco de uma alma vazia Tudo que eu queria era poder acordar Sem lembrar dessa agonia Minha frieza é tão forte ao ponto de congelar A ingenuidade do mais puro coração Mas nem as marcas da saudade não conseguem me manter Numa estável solidão Preciso me embebedar com meu próprio veneno Pra sentir a necessidade de mudar Só assim poderei sentir o que passei através de tortura. Esse coração gelado não se contenta com o sofrimento De amantes que pareceram reais mas não passaram de saciamento A alegria de me ter e a dor de me querer mas não poder é inevitavelmente absurda e tão injusta. Mas o que eu posso fazer se esse coração gelado precisa de saciar Com a angústia de outros corações que não tem culpa de se apaixonar Parece difícil sofrer por alguém que tenha amado Mas é difícil amar quando se tem um coração agustiago e tão gelado.