Caio Corrêa

Papel de Pão

Caio Corrêa


Se o preconceito é o pai da escravidão
Cadê a mãe desse menino?
E o seu irmão, a solidão
Chora sem parar
E de topete e bem vestido
Vem a ambição
Pra balbuciar em vão
O que não soma mais

Contos de fada em papel de pão
Rei num castelo de papelão
O velho sabe mais: sabe lá
O que é que se ganha assim

Eu sei lá se o tempo tá girando pra trás
Ou eu que tô na contra mão
Será que o tempo tá girando pra trás
E eu me vou

A cada esquina a discriminação
Nega a reparar
Que o seu amigo, opressão, tende a separar
E o tal menino vem pedindo, sua doação
Pra financiar em vão
A quem não sonha mais

Louça de lata, talher vai com a mão
Terno engomado em pano de chão
E nego corre atrás, sabe lá
O que é que se ganha assim

Eu sei lá se o tempo tá girando pra trás
Ou eu que tô na contra mão
Será que o tempo tá girando pra trás
E eu me vou