Nem a loucura do amor Da maconha, do pó Do tabaco e do álcool Vale a loucura do ator Quando abre-se em flor Sob as luzes no palco Bastidores, camarins Coxias e cortinas São outras tantas pupilas Pálpebras e retinas Nem uma doce oração Nem sermão, nem comício A direita ou à esquerda Fala mais ao coração Do que a voz de um colega Que sussurra "merda" Noite de estréia, tensão Medo, deslumbramento Feitiço e magia Tudo é uma grande explosão Mas parece que não Quando é o segundo dia Já se disse não foi uma vez Nem três, nem quatro Não há gente, como a gente Gente de teatro Gente que sabe fazer A beleza vencer Pra além de toda perda Gente que pôde inverter Para sempre o sentido Da palavra "merda" Merda! Merda pra você! Desejo merda! Merda pra você também Diga merda e tudo bem Merda toda noite e sempre, amém