Eu nasci lá no sertão E não nego a minha origem Moro numa palhoça E conservo a mata virgem Lá o ar é mais puro Eu não respiro fuligem Como fruta sem veneno As doenças não me atingem Levanto de madrugada Olho para o céu que brilha Pra caçar bicho mateiro Que deixar rastro na trilha Eu não tenho arma de fogo Uso flecha e armadilha Porque tiro espanta a fauna Que no meu quintal fervilha Nas noites que não tem Lua Pra espantar a solidão Eu faço versos rimados Sob a luz do lampião A minha viola é de cocho Eu mesmo que fiz à mão Tiro acordes tão bonitos E canto com emoção Eu não faço pescaria Em tempos de piracema Os peixes na cachoeira É uma beleza suprema Também gosto do cerrado Onde canta a seriema Pertenço à natureza Eu sou matuto da gema