De manhãzinha quando o dia empurra a noite Com seu véu enegrecido pra longe do meu sertão Quantas belezas vão surgindo em nossa frente Nas coisas que são fluentes do garboso ribeirão. E assim é o meu lugar, é assim que eu vivo lá. Da passarada muito já se foi falado Mas há de repetir o quanto preciso for Pois o poeta se sente gratificado Ao deixar o arranha-céu pra rever um beija-flor. E assim é o meu lugar, é assim que eu vivo lá. Bem de manhã se cantar o acauã É o sinal que o rei sol vai esquentar E o roceiro ouvindo essa previsão Põe o arroz e o feijão no terreiro pra secar. E assim é o meu lugar, é assim que eu vivo lá. Pois ele sabe que esse acauã não mente Coisas do onipotente não podemos duvidar; Chega a dizer no seu jeito sertanejo Hoje o sol enxuga a chuva da nuvens que vai passar. E assim é o meu lugar, é assim que eu vivo lá. E essa crença que ele tem no criador Essa fé, esse amor ajudam a acreditar Que a paz divina só poderá receber Aquele poder ver uma flor desabrochar. E assim é o meu lugar, é assim que eu vivo lá.