Peço por favor que me ouçam atento Um depoimento bastante sentido Faz parte de um caso muito recente Que me deixou doente e até combatido Depois de perder quase toda família Com a minha filha resolvi morar Para não pesar muito na despesa Fazia limpeza de todo seu lar. Lavava o carro , limpava o jardim Aquilo pra mim era muito estafante. À noite deitado em minha rede, Via na parede meu velho berrante Recordava os tempos das grandes labutas Foram muitas lutas pra um homem sozinho Olhando o berrante ali pendurado Eu lembrava o passado e chorava baixinho. Minha filha um dia num ato bem rude Tomou uma atitude que me abalou Tirou da parede meu velho berrante No,lixo distante a malvada jogou. Me disse depois num cruel desafeto Esse objeto não vai ver mais não Eu o retirei da onde estava Pois não combinava com a decoração. Eu falei pra ela naquela instante Com este berrante cortando estrada Que eu sustentei você na cidade Com dificuldade pra lhe ver formada. Sabia que eu era um ignorante Só tinha o berrante pra ganhar a vida Queria um dia filha adorada Te ver estudada e bem instruída. Minha filha agora, com este seu gesto Eu agora atesto que foi tudo em vão O que eu e sua mãe passamos na vida Foi luta perdida sem compreensão. Agora eu dispenso este seu abraço Sou muito antigo, sua casa é mansão Nasci pra viver no pó da estrada Eterna morada de um velho peão.