Todos esses momentos se perderão no tempo, como lágrimas na chuva Eu tô cansado Dos mesmos cigarros Das festas de fim de ano e dos seus sorrisos falsos Eu tô cansado Saturado Dos mesmos feriados Dos seus presentes caros De ter que escolher um lado Das organizações políticas e seus objetivos falhos É tudo um ciclo no final Se passam as estações e tudo isso é igual Eu tô cansado do verão e do inverno De escolher entre o céu Ou queimar pra sempre no inferno Eu tô cansado de ter que aprender Entender Estudar mil fita que eu sei que um dia vou esquecer Eu tô cansado de escolher o que vou ser quando crescer Dizem que eu preciso encontrar uma identidade Me igualar a esses manos com egos tão frágeis Me sinto preso num filme de Charles Chaplin Dias iguais em tons cinzentos E rappers que só falam em sentimentos apenas me mostram o quanto eu estou morto por dentro Eu vivo entre os sonhos e a realidade Quem é que me garante que esses manos são de verdade O mundo prospera em torno da vaidade Nas redes sociais vejo a falsa felicidade Sentindo o peso do mundo Eu mal controlo como ele se expande Se me vejo por só um segundo Documentações me tornam um número não um nome Representando um cidadão infame Entre almas mortas de fome Que caminham pelas ruas tão mórbidas de Belo Horizonte Eu seria um hipócrita em falar Que eu não sou mais um mestre na arte de não me importar Eu não sei o que fomos Mas eu sei o que somos A última coisa que eu espero do ser humano é que ele seja humano Nada parece certo Nem mesmo nos meus sonhos Me escondo em escombros Demônios da mente assombram minha casa Aguardo a esperança vendo a alvorada Já faz muito tempo que eu não sinto nada Sou o alquimista que tenta transformar chumbo em prata Que pouco a pouco perde a fé em velhas práticas Sempre procuramos a origem do caos Eu digo O caos é o próprio homem em seu estado natural É criação humana o que chamamos de mal O homem é seu próprio lobo Mano eu me lamento por achar isso normal Eu acendo um cigarro e vejo cair a madrugada Agora sei uma razão pra não me jogar dessa sacada Porque às vezes as coisas simplesmente não significam nada (Frustração) Eles só entendem que o bagulho é sério quando não há solução nem remédio Talvez eu seja um pecador morto E a terra o meu inferno