Confesso que eu tenho em mim Uma represa de vontades Que descem por dois caminhos Confesso que um deles Aperta contra o peito Confesso que o outro Espraia pelo mundo Como um vento rarefeito Eu confesso que tenho entre meus braços O cansaço dos meus planos A incerteza dos meus passos Confesso que eu tenho em mim Confesso que eu tenho em mim Dois pássaros aprisionados Que sonham com dois caminhos Confesso que um deles Voa alto e sem sentido E o outro, mais contido, Dá rasantes pelo mundo Como um Ícaro perdido Eu confesso que tenho entre meus braços O cansaço dos meus planos A incerteza dos meus passos Confesso que eu tenho em mim Dois pássaros Eu confesso que meus pássaros São, no fundo, coisa só Que ao ruflar de suas asas Destelha minhas casas Transformando tempo em pó Eu confesso que tenho entre meus braços O cansaço dos meus planos A incerteza dos meus passos Confesso que eu tenho em mim