Eu que vivo das sobra das tuas garfadas Que vivo à soma das tuas mazelas Que vivo no escuro das tuas noitadas Eu ouço teu riso na mesa do bar Eu que vivo na pedra das tuas calçadas Que vivo no chão que tu pisa e passa Que vivo da tira das tuas sandálias Eu vejo as dobras do teu calcanhar Repouso a cabeça na cidade Sinto o corpo dormir Meu emprego é te seduzir Meu salário a tua piedade Repouso a cabeça na cidade Sinto o corpo dormir Meu emprego é te seduzir Meu salário a tua piedade E eu Eu que vivo à margem do teu semelhante Que vivo no breu da tua confissão Que vivo à espreita, um mero figurante Eu vejo o teu dado rolar Repouso a cabeça na cidade Sinto o corpo dormir Meu emprego é te seduzir Meu salário a tua piedade Repouso a cabeça na cidade Sinto o corpo dormir Meu emprego é te seduzir Meu salário a tua piedade Repouso a cabeça na cidade Sinto o corpo dormir Meu emprego é te seduzir Meu salário a tua piedade