(Numa cidade baiana no arraiá do Boquerão Um caboclo desordeiro passou o dia no barcão Era festa de São Benedito, padroeiro da região Marciano se embebedou e falou com má intenção - Adorá um santo preto? Isso eu acho humilhação Nas patas do meu cavalo hoje eu acabo a procissão) Marciano chegou em casa Arriou o seu alazão Pegou um reio comprido Foi de encontro à procissão A sua mãe assustada Caiu de jueio no chão Meu fio não faça isso Que Deus não te dá o perdão O caboclo com desprezo Na véia deu um empurrão Não se meta em minha vida Que hoje não estou bão E quando surgiu o povo Rezando triste oração Marciano tocou o cavalo Em riba da murtidão Em frente a São Benedito No meio da confusão Marciano levantou o reio No céu surgiu um clarão Seu cavalo disparô O reio chinchou o pendão Derrubando o cavaleiro E arrastando pelo chão Quando o cavalo parô Lá no fim do quarteirão Todo o povo se benzeu Quando viu a mardição Marciano, um home branco Teve uma transformação Tava morto atrás da igreja Mais preto do que carvão