(Era a mocinha mais linda Da cidade onde eu vivia Com sua cabecinha loira Com o sol resplandecia Seu pai, grande fazendeiro Ganhava rios de dinheiro Mas por nada ele sorria Desde que sua adorada filhinha Veio ao mundo, coitadinha Sem poder ver a luz do dia) Confiando em seu dinheiro O grande capitalista Consultou no mundo inteiro Os melhores especialistas Um dia, sem esperança Ele leu numa revista Que um cego em Aparecida Recuperou-se das vistas A mocinha, com a notícia Não podia se conter Paizinho, pegue seu carro Hoje eu quero conhecer A imagem desta santa Que bom se eu pudesse ver Dizem que ela é tão linda Outra igual não pode haver E foi em frente ao altar Que o milagre ela alcançou E chorando de alegria A mocinha assim falou (- Oh! papai! Eu estou vendo, eu estou vendo Como é bom voltar a ver - Sim, minha filha Graças a Nossa Senhora Você está vendo novamente Ah! minha Mãe Santíssima Eu vos agradeço por este milagre Minha filha, beije, beije a santa, por favor - Oh! papai! Mas ela é preta Eu pensava que ela fosse diferente - Não, não diga isso minha filha - Não pode ser, eu estou cega Eu estou cega outra vez Eu não devia ter abusado Perdoe-me Nossa Senhora) É uma pena que na vida Pensa ainda muita gente Que por ter beleza e glória Os outros são diferentes O olhar da moça loira Apagou-se de repente E pelo mundo das trevas Ela vive novamente