A mãe dá leite morno A duzentos olhos famintos Segunda-feira no forno do trem A multidão se alimenta Devora a teta inchada da mãe Todos desnutridos Homens nunca saídos da placenta Encaram violentamente Gente da pior espécie A mãe dá leite morno A duzentos olhos famintos Segunda-feira no forno do trem Até que um deles vem e grita Mulher indecente E a nutrição é interrompida A criança desemboca e berra E agora quem encara o homem É o peito todo, o mamilo cor de terra O leite escorre com a lágrima Do bebê, da mãe Do seio, da boca, dos olhos Mas o peito da mãe terra permanece Afetado e ferido no trajeto Se incha novamente e recomeça A nutrição interrompida Refeita, se recompõe e revida: Cuida da sua vida Refeita, se recompõe e revida: Cuida da sua vida A mãe dá leite morno A duzentos olhos famintos Segunda-feira no forno do trem Até que o macho vem e grita Mulher indecente Mas ela revida: Cuida da tua vida Pois é que o macho vem e grita Mulher indecente Mas ela se refaz e revida Cuida da tua vida Cuida da tua vida