Senhor delegado, aqui estou eu Em sua presença para lhe contar E por caridade não dê a sentença Antes desta história o senhor escutar Eu moro num rancho na beira da estrada Com minha cabocla que é a felicidade E quando eu volto na lida do gado Me abraça e me beija matando a saudade Cheguei no meu rancho na boca da noite A minha cabocla encontrei a chorar Perguntei a causa daquela tristeza E entre soluços se pôs a contar Eu vinha voltando da venda da estrada E na minha frente um ricaço parou Desceu do seu carro dizendo gracejos Faltou com o respeito em seus lábios beijou Arriei de novo meu burro tordilho Saí pela estrada jurando vingança No meio da praça encontrei o ricaço Entre seus amigos contando rompança Chamei pelo nome, não me atendeu No cabo do reio fiz ele virar Puxou do revólver, mas não adiantou Na ponta da guasca fiz ele parar Está aí na porta da delegacia Trouxe ele amarrado arrastando no chão E a surra de reio que tem em seu corpo Para toda a vida será uma lição Senhor delegado, essa é minha história Se estou errado quero a punição Mas eu lhe garanto que esse covarde Em mulher dos outros não põe mais a mão