Eu não caio do cavalo nem do burro e nem do galho Ganho dinheiro cantando a viola é meu trabalho No lugar onde tem seca eu de sede lá não caio Levanto de madrugada e bebo pingo de orvalho Chora viola Eu ando de pé no chão piso por cima da brasa Quem não gosta de viola que não ponha o pé lá em casa A viola está tinindo cantador tá de pé Quem não gosta de viola brasileiro bom não é Mundo velho está perdido Já não endereita mais Os filhos de hoje em dia já não obedece os pais É o começo do fim Já estou vendo sinais Metade da mocidade estão virando marginais É um bando de serpente Os mocinhos vão na frente, as mocinhas vão atrás... Meu mestre é deus nas alturas O mundo é meu colégio Eu sei criticar cantando: deus me deu o privilégio Mato a cobra e mostro o pau Eu mato e não apedrejo Dragão de sete cabeças também mato e não alejo Estamos no fim do respeito Mundo velho não tem jeito, a vaca já foi pro brejo... Gavião da minha foice não pega pinto Também a mão de pilão não joga peteca O cabo da minha enxada não tem divisa As meninas dos meus olhos não tem boneca. A bala do meu revólver não tem açucar No cano da carabina não vai torneira A porca do parafuso nunca deu cria Na casa do joão de barro não tem goteira. Cachaça não dá rasteira, derruba gente A lingua da fechadura não faz fofoca Pra fazer este pagode não foi brinquedo Eu me virei do avesso e não sou pipoca.