Vindo do sertão eu pude ver Essas terras onde chove sem parar D'onde eu vim não há colheita há se fazer Busco um trampo honesto pra não arribar Meu Deus... Sei que não vou voltar Pra minha terra onde cresci e vi o mundo Mas aqui eu vou crescer e prosperar Sem avexar, sem ser quem vai parar Um repentista, eu sou, vou trabalhar Vendendo coisas com minhas rimas O velho, o grão, o pó Das ruínas o mundo novo é Todo descaso e aberração Ergue trazendo consigo maldita multidão Dos pobres, bendita anunciação Incrédulos são os nós Da nossa partida terra Que sufocam sem temer Dentro do vagão é hora de estudar Essas letras que me mostram carecer Neste ano vou tentar vestibular Benzadeus, meu fi, me vejo diplomar Meu Deus... Sei que não vou voltar Pra minha terra onde cresci e vi o mundo Mas aqui eu vou crescer e prosperar Sem avexar, sem ser quem vai parar Um repentista, eu sou, vou trabalhar Vendendo coisas com minhas rimas Patativa do Assaré, mago da trova e do bem dizer Sua permissão assim peço: “Quando um agregado solta seu grito de revolta Tem razão de reclamar, não há maior padecer Do que um camponês viver sem terra pra trabalhar”