Não se atreva a falar de mim Pois eu não falo de você Você não pode ler a alma Pra falar do meu proceder E me fita de cima abaixo Com olhar que só quer julgar Mas eu nunca ergui a mão, pra de ninguém nada tirar Tenho marcas nesse meu corpo, são vestígios de escravidão Mas mantenho a cabeça erguida Está limpo meu coração Acredite eu tenho alma, tenho carta de alforria Meu dinheiro é suor é sangue todo dia Eu te explico porque estou assim É pura melanina que corre em mim Sinceramente desculpe minha franqueza É que eu gosto de papo com clareza Sou negro na reza, sim esse é o meu valor Saiba que mãe me ensinou a ser direito E pai me falou que o respeito e a dignidade não tem cor Eu te explico porque estou assim É pura melanina que corre em mim