Fazendo som com as estrelas, ligado no sideral Por Maria, fez poemas, nas praias do litoral As ondas contaram ao mar, por isso é que os oceanos No mundo inteiro cantados, cantarão mais cem mil anos E o homem entre mar e céu, tem canções por todo lado Louvado seja Anchieta, pra sempre seja louvado Navegante tem cantiga, que aprendeu no mar um dia Qualquer rota que ele siga, se não canta, ele assobia Cabelos cor da noite, pele de alvorada Cacique entregou ao branco, a filha amada Raízes de Brasil, chegaram até aqui Abençoado o colo dessa mãe antiga Por 400 anos feitos de cantiga, naquele doce embalo Da canção Tupi Na tez de uma paulista em cheiro de floresta A cor de jambo é a índia, que ninguém contesta De uma altivez que o Império nunca vira É a tradição, é a raça, é a nossa origem As coisas da história de São Paulo exigem A honra que se faça ao nome de Bartira, Bartira Era tudo, era o nada rio acima Que o paulista no peito ia vencer Pra fazer mais Brasil do que existia Já um tempo era pouco pra perder Reunindo oração e despedida na partida da horda triunfal Caçador da esmeralda perseguida Foi fazendo a unidade nacional Bandeiras, monções Já se dava por glória ao que se ia Porque mal se sabia se voltava E a benção levada já servia De unção para quem por lá ficava Nas monções quem seguia, na verdade Já partia cheirando à santidade Quem não via esmeralda ou não morria Povoava cidade mais cidade Bandeiras, monções, São Paulo Que amanheceu trabalhando São Paulo, que não sabe adormecer Porque durante a noite, paulista vai pensando Nas coisas que de dia vai fazer São Paulo, todo frio quando amanhece Correndo no seu tanto o que fazer Na reza do paulista, trabalho é Padre-Nosso É a prece de quem luta e quer vencer Bastante italiano, sírio e japonês Além do africano, índio e português Tudo isso ao alho e óleo, temperando a raça Na capital do tempo, tempo é ouro e hora Quem vive de espera, é juros de mora Não tem mais-mais nem menos, ou é sim ou não No máximo se espera pela condução Nas retas da Rio-São Paulo, chegando, chegando eu vim Paulista é quem vem e fica plantando, família e chão Fazendo a terra mais rica, dinheiro e calo na mão Dinheiro, mola do mundo, que põe a gente na tona Leva a gente ao fundo Sim, senhor, sim, senhor, sim, senhor Faz a paz e a guerra, traz a Lua pra Terra No mais aumenta a barriga do comendador Dinheiro, juras e juros, erguendo todos os muros Pra ele próprio depois, derrubar, derrubar É a voz que fala mais forte, razão de vida e de morte Também só compra o que pode comprar São Paulo, que amanhece trabalhando Casais entram no elevador O fino pra curtir um som: ran ran, ren ren, ron ron A noite é sempre uma criança, é só não deixar crescer Assim existe esperança, no amanhecer São coisas da noite, anúncios conhecidos Que enfeitam a cidade, em movimentos coloridos Alguém vem do trabalho, do baralho ou do que for Do La Licorne ao Ceasa, de alguma coisa do amor Tem sempre mais um, que vem pela calçada Na bruma que esconde quem sobrou na madrugada Dei tempo ao tempo, o tempo é que não dá Tenho que estar pelas sete, no Viaduto do Chá Olha o Sol, olha o Sol, cadê o Sol? Onde o Sol? Sumiu, sumiu, sumiu Quando amanhece, o Sol comparece por obrigação Nublado, cansado, um Sol de rotina Se bem ilumina, nem dão atenção É que o bandeirante não perde o seu tempo Olhando pro alto, o Sol verdadeiro está no asfalto Na terra, no homem e na produção A cor diferente do céu de São Paulo não é da garoa É véu de fumaça, que passa, que voa Na guerra paulista das mil chaminés São Paulo, que amanhece trabalhando Começou um novo dia, já volta Quem ia, o tempo é de chegar Do metrô chego primeiro, se tempo é dinheiro Melhor, vou faturar Sempre ligeiro na rua, como quem sabe o que quer Vai o paulista na sua, para o que der e vier A cidade não desperta, apenas acerta a sua posição Porque tudo se repete, são sete E às sete explode em multidão: Portas de aço levantam, todos parecem correr Não correm de, correm para Para São Paulo crescer Vão bora, vão bora, olha a hora Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora Que o tempo não espera, a vida é derradeira Quem é vai ser, já era de qualquer maneira O mundo é do "eu quero" Quem me der é triste, tristeza basta a guerra E o adeus no amor Você onde é que estava quando o tempo andou? Na terra que não pára, só você parou Vão bora, vão bora, olha a hora Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora O que vale é a versão, pouco interessa o fato Porque a sensação maior é a do boato Em coisa de um segundo, noite é madrugada Notícia ganha o mundo, e a gente não é nada Você onde é que estava quando o tempo andou? São Paulo nunca pára, mas você, parou Vão bora, vão bora, olha a hora Vão bora, vão bora, vão bora, vão bora Olha a hora, vão bora, vão bora, vão bora São Paulo que amanhece trabalhando Na Praça do Patriarca, rua Direita, São Bento Na Líbero Badaró, no Viaduto do Chá Lá está aquele moço, que não dá ponto sem nó Na conversa bem jogada, vai vendendo geladeira Pra esquimó curtir verão Papo firme é isso aí, desse dono da calçada Rei da comunicação Olhe aqui, dona Teresa, o produto de beleza Que chegou da Argentina, examina, examina De brinde pra seu marido Nova pomada pra calo que resolve a dor de ouvido Tem Parker 73, compre uma e ganhe três Nem paga o justo valor, mais outra ali pro doutor Leve a lei do inquilinato, mesmo não sendo inquilino Morar na lei é um barato, e ele prova à sua maneira Que um ataque de besteira, faz de um doutor um otário Cursando numa avenida o vestibular da vida Para ser bom empresário Ser do São Paulo, do Corinthians e Palmeiras É ter o fino em futebol durante o ano Em tênis, remo, natação, nas domingueiras Bom é Pinheiros, Tietê ou Paulistano Com Ademir, com Rivelino no gramado Com rei Pelé e suas jogadas de veludo Não pe de graça que São Paulo é chamado Melhor da América Latina em quase tudo Pró-esporte, pró-esporte é a solução Pró-esporte, pró-esporte contra a poluição Lá por setembro o estudante nos ensina Aquele esporte pelo esporte que não cede E o meu Mackenzie, dá um show com a medicina Na grande guerra que se chama MacMed No corre-corre mundial estamos nessa Os Fittipaldi estão aí para dizer Só em São Paulo que é a terra do depressa A São Silvestre poderia acontecer Pró-esporte, pró-esporte é a solução Pró-esporte, pró-esporte contra a poluição São Paulo jovem, dos que promovem velocidade Nos seus cavalos, de roda e ferro, na sua forma de liberdade O peito agarra, a costa de aço Que deu garupa na Yamaha, no upa-upa Feito de abraço e muito amor São Paulo jovem, na mesma cela Vão ele e ela, por onde seja Deus os proteja, pelos caminhos da vida em flor Tem coisas da Ipiranga, da Itapetininga, até da São João Às vezes também dá Puxar o show, o chope, o uísque, boa pinga E o molho das mulheres que transam por lá Tem loja, tem butique, tem pizzaria Boate, restaurante, até casa lotérica É rua que de nada mais precisaria Com todo aquele charme do Jardim América América, rua augusta E agora, já é hora E ninguém vai embora, embora de lá Rua augusta, e agora, já é hora E ninguém vai embora, embora de lá Bartira e João Ramalho nunca imaginaram Que a tanga e a miçanga vinham outra vez Agora nos diriam vendo que acertaram: Valeu o nosso amor, pelo amor de vocês E a moça vai passando, e ninguém vê mais nada Quando ela vai na dela, é pra machucar É a paulistana boa, despreocupada De short ou minissaia, pondo pra quebrar, pra quebrar Rua augusta, e agora, já é hora E ninguém vai embora, embora de lá Na sinfonia, que é de todos os barulhos De Santo Amaro, ao Brás, ao Centro, ao ABC Por Santo André, Vila Maria até Guarulhos Grande São Paulo, como eu gosto de você São Paulo, que amanhece trabalhando São Paulo que não pode amanhecer Porque durante a noite, paulista vai pensando Nas coisas que de dia vai fazer.