Eu me lembro muito bem do dia em que eu cheguei Jovem que desce do norte pra cidade grande Os pés cansados e feridos de andar légua tirana... E lágrima nos olhos de ler o Pessoa e de ver o verde da cana.. Em cada esquina que eu passava um guarda me parava, pedia os meus documentos e depois sorria, examinando o três-por-quatro da fotografia e estranhando o nome do lugar de onde eu vinha. Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade, disso Newton já sabia Cai no sul, grande cidade São Paulo violento, Corre o rio que me engana... Copacabana, Zona Norte e os cabarés da Lapa onde eu morei Mesmo vivendo assim, não me esqueci de amar que o homem é pra mulher e o coração pra gente dar. Mas a mulher, a mulher que eu amei não pôde me seguir. Esses casos de família e de dinheiro eu nunca entendi bem Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem do norte e vai viver na rua. A noite fria me ensinou a amar mais o meu dia e pela dor eu descobri o poder da alegria e a certeza de que tenho coisas novas, coisas novas pra dizer. A minha história é, talvez, é talvez igual a tua: jovem que desceu do norte e foi morar lá na Pavuna. E que ficou desnorteado, como é comum no seu tempo e que ficou desapontado, como é comum no seu tempo e que ficou apaixonado e violento como, como você Eu sou como você. Eu sou como você. Eu sou como você que me ouve agora.