[Carú e Bia] Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas, ô, preta, pinta [Carú] Carta marcada e calada, infância tão sabotada Pinta de arte amada, nessa cidade cercada de dor Cor preta da pele, história que cê sabe de cor Quem desconhece olha estranho e ainda sente dó Eu to cansada com esse papo de quem sente dó No fim das contas Percebemos que ainda estamos só Mas eu espero que essa força venha da união E que a tigresa possa mais que desgraça do leão [Carú] Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas, ô, preta, pinta [Bia] Estrela que brilha, clareia a trilha Ilumina e guia o meu caminhar Alumeia um pouquinho esse meu caminho Me dê uma luz, é difícil enxergar Quanto mais eu ando, mais escuro fica Me dê uma dica pra poder seguir Não sei o que faço Se ando, se paro, se corro, se sento ou se fico aqui Tome minha boca Pra que que eu só fale Aquilo que eu deveria dizer Tome a caneta, a folha, o lápis Agora que eu comecei a escrever Que eu nunca me cale O jogo só vale quando todas as partes puderem jogar Sou mina, sou preta essa é minha treta Me deram um mic e eu vou cantar Canto pela tia que é silenciada Dizem que só a pia é seu lugar Canto pela mina que é de quebrada Que é violentada e não pode estudar Canto pela preta objetificada Gostosa, sarada, que tem que sambar Dona de casa limpa lava e passa Mas fora do lar não pode trabalhar [Carú] Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas, ô, preta, pinta [Carú e Bia] Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas, ô, preta, pinta [Carú] Preta, pinta O mundo com seu tom Que essa tua negra tinta Fará brotar a cor nesta cidade, cinza Que tanto te negou, mas, ô, preta, pinta