Eu não sou santo Se eu fosse santo estava no altar Um olho no padre e outro na missa, só dando colher de chá Olha eu fazia milagres Ajudava os pobres a ganhar na loteca Dinheiro no morro virava peteca E as favelas eu ia urbanizar E também mandava um mensageiro Ir nas cadeias fazer minha vez Libertava as vítimas dessa elite bandida E os ladrões de gravata metia no xadrez Eu não sou santo Eu só não dava colher A fim de comédia que só sabe atrasar Caguete safado eu metia o cacete E logo em seguida mandava enforcar Sim mas para o bom malandro Que nunca fez e nem faz covardia A ele eu dava toda regalia E só ia na boa pra se adiantar Eu não sou santo Eu ainda morava no morro Meu barraco teria uma linda capela Onde o povo rezaria e acendia vela Construia escola para as crianças estudar E em seguida mandava fazer um cartório e botava o nome do santo bendito Era preto no branco era tudo bonito E quem fosse amigado era obrigado a casar Eu não sou santo