Menino no portão Olhando curioso lá fora Desenhava no chão Divagava sobre as luzes da cidade O que haveria lá Hoje não da pra pensar O seu pai apareceu na porta Lhe chamando pro jantar A família inteira diante a mesa posta Agradeceram por não faltar Obrigado pela tua mão Obrigado pela proteção Obrigado pelo nosso pão Obrigado Menino no portão Se olhasse pra dentro de casa Veria algo bom O seu pai te esperando na janela Com um sorriso que enchia o ar Menino no portão Se apresse já anoiteceu É hora de sonhar Com as luzes da cidade Com o que vai ser Quando chegar lá E o menino desceu Ele fez as malas e partiu Certo do que era melhor pra si Uma lágrima caiu E o menino desceu Um abraço, sorriu Só com uns trocados no bolso Sem muito esforço O portão de longe se viu Lá a cidade era tão grande Como se encontrar? As luzes eram tão constantes Que lhe faltava o ar Tantos sorrisos Tantos abraços Tantos laços Que ele, faço e desfaço como bem quiser Multidão de um homem só Casa suja, cheia de pó Ele era um ninguém Ele era um nenhum Os seus temores e os seu valores Se tornavam dia a dia Um pouco, bem pouco Ele pensou em voltar Ele só pensou Mas se portão não for mais o mesmo? Se o abraço não for mais o mesmo? E se sorriso não for mais o mesmo? Já que nem eu sou mais o mesmo Ele pensou em voltar Ele só pensou Mas aí ele voltou sem pensar E ele voltou Eu sou um fraco sem a tua mão Sou um fraco sem tua proteção Sou um fraco sem tua direção Sou um fraco