Sou mescla de alguma raça no lombo da minha sorte Sou minuano soprando cruzando de sul a norte Sou a vida sou o tempo chegando em rumo da morte Sou gaúcha aragana perdida na evolução Sou clarim de trinta e cinco alertando meu rincão Eu sou esteio do pago na guincha do coração Sou gaúcha pelo duro cruzada com paraguaio Minha mãe é castelhana pelo duro é meu pai Mas eu nasci no Rio Grande na costa do Uruguai Sou herança do passado sou réstia deste rincão Sou fumaça pelos anos eu sou prenque, sou tição Sou a saudade queimando no bução do coração Sou trança do mesmo tento cruzada de couro cru Sou espada sou facão nas guerras de algum xirú Sou capim, sou perdoega, sou o campo, sou caruru Eu sou o pampa bagual na doma da esperança Eu sou o tempo que passa no carimbo da lembrança Eu sou o próprio poeta que canta sua herança