Berenice Azambuja

Cabelo no Couro

Berenice Azambuja


eu andei muito sozinho sofrendo barbaridade 
querendo esquecer a china que me deu tanta saudade 
me embretei por esse mundo igual cachorro sem dono 
chorei um mar de tristeza 
botei a vida em brabeza pra fugir deste abandono 

êta chinoca tão arisca que foge da pista suando o cangote 
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar o xote 

mas quem já sofreu de amores não esquece um só momento 
fica andando sem destino que nem pandorga no vento 
eu voltei pra junto dela igual o pinto pro ovo 
grudei que nem carrapato 
como quem gosta do prato e mando vir tudo de novo 

êta chinoca tão arisca que foge da pista levantando poeira 
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar a rancheira 

esta china é mais arisca que potro chucro na soga 
se o índio não for treinado num corcoveado se arroga 
é mulher que não se acanha e não aceita desaforo 
eu voltei pros braços dela 
e vou viver grudado nela que nem cabelo no coro 

êta chinoca tão arisca que foge da pista que nem redomão 
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar vanerão 

não há mal que sempre dure não tá morto quem peleia 
e eu vou domar esta china de puro sangue na veia 
vou trazer de rédeas curtas e esporas bem afiadas 
pra que ela saiba quem manda 
e não me saia de banda na hora da corcoveada 

êta chinoca tão arisca só entra na pista me fazendo fita 
não quer varar a madrugada comigo grudada a dançar chamarrita