Eu vi você atravessar a rua Molhando a sombra na água Eu vi você parar a lagoa Parada Você atravessou a rua Na direção oposta Pisando nas poças Pisando na lua E a poesia ali me deu as costas E pra que palavras Se eu não sei usá-las Cadê a palavra que traga você daquela calçada Você atravessou a rua Na direção contrária E a poesia que meu olho molhava ali Quem sabe não me caiba Quem saiba seja sua Ali atravessando a chuva Toda lagoa parada Você na direção errada E eu na sua Como fruta do conde Um rio correndo pra foz É como se a correnteza Fosse parada E tudo, mais tudo, mais tudo, Fosse igual a nada