Caminheiro, que passar naquela estrada, Vê uma cruz abandonada como quem vai pro sertão, Há muitos anos neste chão foi sepultado Um preto velho e herado por nome de pai joão. Pai joão, na fazenda dos coqueiros Foi destemido carreiro, querido do seu patrão, Sua boiada, o chibante e o brioso Nos morros mais perigoso arrastava o carretão. Numa tarde pai joão não esperava Que a morte lhe rondava lá na curva do areião, E numa queda embaixo do carro caiu Do mundo se despediu, preto véio pai joão. Caminheiro, aquela cruz do caminho, Já contei tudo certinho a história de pai joão, Resta a saudade daquele tempo que foi, Do velho carro de boi no fundo do mangueirão.