Vamos contar uma história verdadeira Que fala de uma porteira De um boi e um menino Este fato doloroso, minha gente É da morte de um inocente Da estrada de Ouro Fino Na guampa de um boi preto pantaneiro O garotinho trigueiro Não encontrou salvação Naquele dia o sertão todo chorou O berrante silenciou Naquele pedaço de chão O boi preto, o mais caro da partida Na primeira investida Com sangue a estrada tingiu Mas o sangue do menino inocente Tal qual uma semente Um milagre produziu No lugar que este fato aconteceu Uma fonte apareceu E com ela uma figueira Quem naquele trecho de estrada passar Com certeza vai lembrar Do menino da porteira Com o tempo a figueirinha cresceu A fonte que ali nasceu Formou uma cascata Onde os peões, soldados da campina Bebem água cristalina Ouvindo as aves da mata Dizem até que por obra do Divino A alma do menino Abençoou este lugar Pois na hora da santa Ave-Maria Até a própria nostalgia Ali vai pra descansar