A minha casa é uma caixa de papelão ao relento Brasa dormindo contra o vento Semente plantada no cimento, criança na calçada A minha casa é geladeira televisão sem nada dentro Fogo que se alimenta do seu próprio alimento Corpo com corpo dando alento pra campanha do agasalho O meu cenário é a fria luz da madrugada Dando espetáculo por nada Calçada da infâmia iluminada pela eletropaulo A minha casa é maloca rasgada no futuro É o inverno é o eterno enquanto duro Osso duro osso duro que ninguém há de roer A minha casa é o céu, é o chão, caroço bruto Catado no vão do viaduto, dando pro anhangabaú da feli cidade Ah anhangá a-nhangá baú, Ah anhangá a-nhangá baú, Ah anhan gá a-nhangá baú Da felicidade