Negro, capoeirista, umbandista, tocador Negro nato, acorrentado, espancado pela dor Visto assim por esse povo, que não sabe o que passou O passado de um povo, meu passado sim senhor Mas por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Cultura demarcada pela falta de amor Julgam o livro pela capa, pela farda, pela cor Vejo textos tão bonitos, com princípios, com valor Mas que não são praticados, só falados por um ator Mas por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Se é negro umbandista, já é coisa de humor Se incluir capoeirista, tem que ser bom tocador Se for tudo é negro nato, como diz, negro nagô Se não for, é um despeitado, que não honra sua cor Mas por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Por quê, meu Deus? Pelo tom da cor O povo não entendeu, que a capoeira tem valor É cultura brasileira, esporte que vargas decretou Expressão de liberdade, que gente desvalorizou Gente que só valoriza, vida alheia e desamor Mas por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Nunca foi lei de Isabel, com seu papel sem valor Sempre foi nosso guerreiro, rei zumbi nos libertou Mas é fácil acreditar, no que o sistema implantou Vamos lá nobres guerreiros, essa luta não acabou Mas por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Por quê, meu Deus? Pelo tom da cor Sou um guerreiro De oxóssi caçador Meu amuleto É o negro se impor Sistema alheio Não me manipulou Cultura negra Brasil nagô