Quando chega o mês de agosto O sertanejo com gosto Aprepara o seu machado A foice bem afiada Ele sai de madrugada Nesses dia orvaiado O sol é bom pra queimar Ele tem que aproveitar Pra fazer o seu roçado Este grande brasileiro Que trabaia o ano inteiro Pra depois vê o resurtado Ele entra com corage Vai roçando as ramage Naquele ermo de chão Depois faz a derrubada E logo vem a queimada Aproveitando o verão Depois de tudo no jeito Vem a chuva e satisfeito Ele faz a plantação E muitas vez passa fome Mas mostra que ele é home E criado lá no sertão E quem nasceu na cidade Não pense que é falsidade Porque eu falo com franqueza Eu fui nascido na roça Criado numa paioça Sei contar o que é tristeza Tanto trabaio que faça E às vez o destino traça Todo o mal da natureza Depois da planta formada Vem a seca ou a geada Fica tudo na pobreza O sertanejo coitado Que lutou desesperado Como quem luta com a morte Ele espera um novo ano Com corage trabaiando Não desanima, é forte Se o tempo correr direito Ele fala satisfeito Este ano eu sou de sorte Pega os fio e a muié Vai agradecê com fé Na Aparecida do Norte