Quando eu conversar com Deus Vou querer lhe perguntar Se deixou que esse mundo Virasse um triste lugar E a vida fosse somente Essa divida que a gente Tem que morrer pra pagar Vou dizer que a injustiça Começa no nascimento Uns tem berço e colchão fino Outros num chão de cimento Uns tem amor e carinho E outros crescem num ninho De medo e de sofrimento Toda noite o mundo escuta O choro dos ofendidos Das esposas que costuram Mortalhas para os maridos Notícias que não vieram Para as mães que ainda esperam Filhos desaparecidos Retirantes maltrapilhos Em frente ao portão dourado Batendo com toda a força Ninguém ouve o seu chamado Chamam a mais de cem anos De fome, de desenganos Mas Deus é muito ocupado