A fumaça do meu cigarro Só desenha os teus cabelos Os teus cachos que eu assanhava Entre sonhos e pesadelos Nunca serei Chico Buarque Pra rimar bem sua beleza Meus versos são simples e rasos Mas vem do fundo da minha tristeza Ah se eu soubesse Fazer versos de amor Singelos e bonitos Pra expurgar a minha dor Minha melodia é repetitiva Eu pouco entendo de harmonia Tua harmonia é só o que entendo Pois me persegue todos os dias Os seus defeitos me conquistaram Depois roubaram minha alegria Vida difícil e contraditória Prevaleceu minha covardia Sou só um ator De versos pobres e frustrados Humildemente canto a dor De ter o meu sonho roubado As nossas sombras se entrelaçaram Numa gangorra de fantasia Hoje eu te quero, tu não me queres E quando eu não, tu me querias Não sou Cervantes, não sou Neruda Sou um jovem velho meio sem sorte Não sou Vinícius nem sou Cortázar Pra resgatar nosso amor da morte Ah, Dulcinéia Perdi o dom do teu coração Será que tens um outro Quixote Enquanto vago em solidão?