Oiço na rua Revolução Soldados de espingarda e cravo na mão Oiço na rua Liberdade Morte à ditadura na flor da idade Mas não sangram as ruas da nossa cidade Nem se ouve um canhão A renascer das cinzas eles estão Um pé depois do outro a bater no chão 25 de abril de 74 Morte à censura, viva à liberdade Que a noite foi escura e estamos cansados deste plantão Quando a esmola é grande, o pobre desconfia Não acaba a primavera por morrer uma andorinha Não quer ser lobo, não lhe vista a pele Um pássaro a voar, mais vale Não quer ser lobo, não lhe vista a pele Um pássaro a voar, mais vale Esta é a madrugada que eu esperava Sim, esta é a madrugada que eu esperava Esta é madrugada que eu esperava Sim, esta é madrugada que eu esperava Saem para a rua em manifestação O povo é a voz da nação Viva à democracia, às eleições livres Viva ao fim da guerra, aos finais felizes Viva ao amor que beija as cicatrizes É o fim da servidão Viva a mulher e a igualdade Viva ao futuro, que o povo é que sabe O lápis azul já não pinta a verdade Começa a revolução A morte é boa conselheira Mas nasceu torto, tarde ou nunca se endireita O que arde cura, o que aperta segura Mas não há fome que não dê fartura Até as rãs mordiam se tivessem dentes Gato escaldado não tem medo para sempre Até as rãs mordiam se tivessem dentes Gato escaldado não tem medo para sempre Esta é a madrugada que eu esperava Sim, esta é a madrugada que eu esperava Esta é madrugada que eu esperava Sim, esta é madrugada que eu esperava Uma desgraça nunca vem só Mas quem ri por último ri melhor Quarenta e oito voltas ao Sol Morre pela boca o peixe preso no anzol E mais vale só que mal acompanhado Mente vazia, oficina do diabo Não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe Mas quem planta ventos colhe sempre tempestades E fascismo nunca mais (Fascismo nunca mais) Fascismo nunca mais (Fascismo nunca mais) Fascismo nunca mais (Fascismo nunca mais) Fascismo nunca mais (Esta é a madrugada que eu esperava)