Já é mais um dia e aí venho eu de volta Caminhando pelas ruas, as ruas da periferia Pensando aqui comigo mesmo Quantos sonhos, desejos impossíveis E nos pontos de ônibus Manadas humanas de cabeças baixas Esperando o trem da vida passar Sigo olhando os carros velhos, as mesmas pedras encostadas Um trem que viaja solto e vazio Vou olhando as veias expostas As fraturas expostas e os sorrisos tristes Desses guerreiros e guerreiras Dessa gente que caminha procurando um rumo Pelas ruas, sempre as mesmas ruas Ruas empoeiradas da periferia Na memória vou buscando os amigos Todos os que partiram pra última viagem Todos os que foram empurrados pros infernos Os mesmos amigos que ouviam Dafé e Tim Maia Que procuravam comigo os bailes nos sábados á noite Sempre caminhando pelas ruas, ruas empoeiradas da periferia Um anjo sem asas passa por mim De olhos molhados, com lágrimas vermelhas Expulso do paraíso, como tantos, como tantos Também veio morar aqui, na rua das lembranças Mata o tempo olhando os rostos marcados de minha gente Dessa gente que sonha e caminha Dessa gente que sonha e caminha Pelas ruas, sempre as mesmas ruas, ruas empoeiradas da periferia.