Um jardim não tem sistema de vida Quando sobem pelas paredes do quarto, plantas Quando tudo se tem e nada é igual Ao que se queria E os trapos te vestem a mente E o coração casualmente Chega a ser efêmero Mas mesmo assim um ritual de morte Já não é tão feroz E os gritos se vão em silêncio Perdidos entre milhares de lugares Tão vazios A órbita está perfeita e desta vez Tudo aparenta ser o que não se é E o que tentas obter Com um simples gesto Me dá a impressão de ser real Mas não passa de simples artifício Sorrias e digas que sentes dor Os sentimentos são desculpas E as culpas são inocentes E o medo que aparece e domina De súbito a vida inteira Se temem A seguir-se pois enfrente Enfrente-se, enfrente É tudo tão escuro e silencioso As porcelanas nas estantes Constantes na confusão O teu peito em pedaços A mente em cacos Teus nervos a flor da pele De olhos abertos e mãos atadas Numa investida contra Essas paredes ocas E a voz tão rouca já cansou E tão logo já se foi Com os sentidos do corpo