Como posso dizer ao amor O sopro de dor que no coração carrego? Moribundo, arrastado, nesse corpo devorador Marchando para a morte, o aconchego Não quero mais em teus olhos ver jorrar Lágrimas que te feri, sonhos a te quebrar Noites acesas; o teu corpo cansar Enxergar algo ruim vindo me derrotar Aprendi quanto o teu beijo desejo Quanto o teu cheiro me enfeitiça Quanto o meu peito clama, rainha! Perdoe-me pelos meus erros, tão embriagados Perdoe-me por não dizer o que há em meu coração Perdoe-me por não ter expressado, de certo, a minha paixão As cinzas, a brisa, às mágoas, a chama Os olhos, o rosto, as facas, o sofrimento As pálpebras, a Lua, as dores, a cama Os dedos, o medo, os ossos, o encantamento As cinzas, a lembrança, as pessoas, a fumaça Os estalos, o desejo, os gritos, o desespero As cabeças, a labareda, as chamas, a mudança Os olhares, o temor, os encantos, o cheiro A chama exala o amor do meu deslumbramento Os outros fingem sofrer com o desaparecimento E o ego da sobrevivência mata cada um por dentro Não tem medo da dor, não podia ver no ardor Das chamas que atravessa o corpo para uma tempestade De cinzas, fumaça, lenda, florestas e desesperança